Cresci na estrada, fui criada pelo meu pai, um mochileiro nato, passamos em muitas cidades, claro que eu precisava estudar, mas não pense que isso foi um empecilho na minha infância, estudava 6 meses em cada escola, nas férias tinha mudança, sempre uma nova trajetória a ser percorrida, um novo lugar para conhecer e novas pessoas para fazer amizade.
No ensino médio nós paramos em Brasília, eu precisava concluir esse período sem mudar a cada 6 meses kkkk. Aos 16 anos conheci o Felipe, namoramos alguns meses e optamos por seguir caminhos diferentes, ele foi para São Paulo e eu fui para Portugal.
Portugal foi mais uma experiência de estrada para mim, dessa vez longe do meu pai e de todos que eu conhecia, na missão eu conhecia pessoa e ajudava famílias, esse foi o momento mais completo da minha vida, sentia que ali era a minha casa, parecia que eu tinha nascido para fazer isso. A missão era meu lar, a estrada era meu lar, as pessoas que eu conhecia e podia ajudar de alguma forma eram meu lar.
Eu pensava: Uau, essa é uma ótima sensação. Tantas aventuras, tanto para experimentar, foi maravilhoso conhecer novos lugares e pessoas em tão pouco tempo. Ficou claro: eu tinha encontrado aquilo que fazia sentido para mim.
Este mundo é tão enorme e há tantos países, cidades, aldeias e ilhas que eu gostaria de conhecer! Não quero conhecer apenas do jornal, YouTube, Instagram ou das notícias! Eu mesmo quero ir lá para ver o mundo com meus próprios olhos e conhecer as pessoas locais para entender sua cultura, vivencias e histórias!
Com tudo isso, aprendi que um simples sorriso, vale muito mais do que um carro chique ou uma casa grande. Além disso, percebi que não quero viver minha vida seguindo uma “norma” imposta por sei lá quem, com o objetivo de ser feliz em algum momento lá na aposentadoria. Eu quero fazer o que me faz feliz agora! Porque no final, o maior arrependimento será não ter feito o que eu amava enquanto podia.
Minha vontade de viajar começou quando eu conheci a Dulce, mas se aperfeiçoou de verdade, quando me tornei missionário e fui chamado para servir em São Paulo.
De casa, eu só conhecia um estilo de vida “VIDA COMUM” que diz brevemente: vá para a escola, depois vá estudar e procure um emprego “razoável” com o qual você possa envelhecer com segurança e estabilidade. Mas de alguma forma eu nunca consegui me identificar com isso, de qualquer forma nunca questionei a situação e a considerei normal por muito tempo. Até que conheci maneiras completamente diferentes de viver quando servi como missionário.
O que eu notei imediatamente quando servi em algumas regiões, é que muitas pessoas têm poucas coisas, mas parecem ser muito mais felizes, e sem preocupações.
A vida começou a fazer sentido para mim, quando eu descobri que poderia fazer diferente, viver diferente em lugares diferentes e mesmo assim me sentir em casa.